domingo, 30 de outubro de 2011

Date ou cilada?

Tava aqui assistindo o repeteco do Saia Justa e lembrando de capítulos hilários da minha vida pregressa. Em pauta, dates. Blind dates, first dates... Esses encontros deveriam se chamar roubada dates, isso sim!
O tal encontro às escuras em geral é intermediado por um amigo com síndrome de cupido (é impressionante como as pessoas não podem ver ninguém solteiro que entram em campo). Tudo bem, sei que é com a melhor das intenções... mas é sempre com aquele conhecido bonzinho e introspectivo, com o irmão traumatizado porque recém levou um pé na bunda, com o primo mulherengo incorrigível, com o colega de trabalho viúvo e deprimido... NUNCA é com alguém normal, já reparou?
Uma vez uma amiga encasquetou de me apresentar um cara "super gente boa, advogado e ex-modelo, papo bom, tudo a ver contigo”. Aham. Agradeci e despistei. Convencida de que o tal cara era minha alma gêmea, a guria passou meu telefone prá ele (isso foi há mil anos, na era pré Orkut, Facebook e etc).
Um belo dia o tipo me ligou (eu morava em São Paulo e ele, no interior). E não é que o papo era bom mesmo! O cara parecia inteligente, divertido... senso de humor é tudo! Ele ligou outra vez, e depois outra vez, e mais outra, e começou a mandar mensagens bem-humoradas. Tenho que admitir que nunca tinha visto nem uma foto dele, mas estava beeeem interessada. Até que o cara resolveu ir para Sampa...
Como era amigo da minha amiga - e já tinha virado meu amigo de infância também -, não vi mal algum em hospedar lá em casa. No dia seguinte ele apitou na campainha. Abri a porta e minha vontade foi dizer: desculpa, foi engano, tututututu. O ex-modelo estava uns 15 quilos acima do peso e vestia camisa amarela e botas de cowboy! HELLOOOOOOOO!
Nem precisaria dizer que o final de semana foi um desastre. A criatura percebeu minha decepção e se transformou num verdadeiro ogro. Depois, ficou meses me ligando, mandando mensagens, passando recados desaforados pela minha amiga... psico total. Nunca mais caí no conto do blind date!
Alguns anos depois, já na era das redes sociais, recebi um convite de amizade de um cara que tinha amigos em comum comigo em Porto Alegre e em São Paulo. Passamos a bater papo e, depois de algumas semanas, marcamos o first date.
Aqui, um parêntese. Primeiro encontro é muuuuuito saia justa mesmo. A gente nunca sabe o que vestir (como encontrar aquele meio termo entre a piriguete e a puritana?), quanto de perfume usar (se o cara for alérgico?), onde ir (por que teimam em perguntar o que queremos comer?), sobre o que conversar (se a gente torcer para times adversários?)...
Voltando ao first date com o gaúcho perdido em Sumpaulo, era inverno e apostei num visual cool despretencioso: jeans, regatinha básica, um casaqueto de veludo e um cachecol suuuuuuuper charmoso. Desci do prédio trabalhada no salto e já dei o primeiro fora - o cara era baixinho. Mas era bem gatinho, abstraí.
Entramos no carro e... TERROR E PÂNICO. O cachecol ficou preso na porta. Mais especificamente, enroscado no trinco. E a maldita da porta não abria nem fechava! O cara tentava abrir por fora e eu, quase enforcada, empurrava por dentro com meu saltão. Claro que tive um ataque de riso. No final, a peça-chave do meu look ficou desfiada e cheia de graxa, minha maquiagem derretida, a cabeleira desmontada... todaerradapontocom.
O fato é que o episódio quebrou o gelo do fadítico first date, rendeu muitas risadas e a noite foi ótima. Não teve um segundo date, mas somos amigos até hoje! Moral da história? cupido não precisa de assistente. Fica a dica

Um comentário:

  1. Muito bom My! Eu conheci um dos meus namorados nesse esquema também, mas o cara era o maior pisco. Acho meio roubada também. Pelo menos, de vez em quando, a gente arruma um bom amigo! Beijo

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