Desde domingo passado eu estava querendo comentar o Miss Universo 2011. Para comemorar os 60 anos do concurso, Donald Trump desembarcou no Brasil com suas 89 beldades. Depois de alguns dias passeando em terras tupiniquins, a apoteose aconteceu em São Paulo.
Com transmissão para 200 países, a escolha da mulher mais bela do planeta prometia divulgar o Brasil para um público estimado de dois bilhões de espectadores. Bacana. Para compensar a falta de borogodó da nossa representante Priscila Machado, foram feitas duas escalações de peso: a axezeira Cláudia Leitte e a demi-brasileira toda bossa-nova Bebel Gilberto. O que ninguém imaginava é que as atrações brazucas cantariam em inglês!
Tive pesadelos a semana inteira com a Claudia Leitte vestida de galinha de despacho, cantando e dançando a música inédita Locomotion Batucada – antes tivesse continuado inédita! A baiana parecia uma autêntica cruza de Beyoncé com Painho. Vergonha alheia.
Quando eu achava que não podia piorar, apareceu a sobrinha do Chico Buarque vestida com um tubinho de paetês cantando Close Your Eyes a la Cabaret, enquanto as misses exibiam seus não menos cafonas trajes de gala. Caracoles, o que será que nos espera na Copa 2014 e nas Olimpíadas 2016? Vão botar o Luan Santana cantando She is Carioca, que medaaaaaaa!
Não posso deixar de registrar o “talento” da nossa miss, estudante de jornalismo e namorada do aprendiz de André Marques. Além de branquela e magriça, a moça adotou um penteado antiguinho e desfilou com um longo piriguete amarelo de chorar no cantinho. Não fosse o concurso na pataxolândia, a gaúcha de Canoas nunca chegaria na final...
Montada e travada, a Miss Brasil deu seu golpe fatal quando respondeu à pergunta do piloto Hélio Castroneves: O que você faria para evitar uma guerra que você não concorda com ela? (a tradução da pergunta doeu nos ouvidos) “Antes de mais nada, ia explicar às pessoas que a principal qualidade do ser humano é o respeito. Qualquer guerra é baseada na falta de respeito, de educação e de humanidade. Como ser humano, devo respeitar o outro ser humano", sentenciou, em gauchês, a futura colega de profissão. Meldels, mais vergonha alheia.
A noite de domingo terminou com a vitória da belíssima angolana Leila Lopes, numa final politicamente mais que correta: uma africana, duas asiáticas, uma latina e uma européia. Todas morenas, que meu protesto fique registrado nos autos (e a cota para loiras??????)
O assunto, no entanto, ainda rendeu o grande mico da semana. Ao comentar a vitória da angolana, a apresentadora Claudete Troiano, do Manhã Gazeta, mandou um beijo para a atriz brasileira homônima da Miss Universo (e que se suicidou há dois anos).
"Um beijo pra você Leila Lopes. Por onde será que anda a Leila Lopes, a atriz?", disse a louca. Imediatamente, o colega de bancada Marcelo Bandeira falou “Ela faleceu". Claudete tentou consertar e ficou pior a emenda que o soneto: "É mesmo? Não fiquei nem sabendo". Vergonha alheia em grau máximo. Vade retro, Donald Trump!