quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Túnel do tempo

Encontros familiares têm dois desfechos possíveis: um bom barraco ou boas risadas. Quando eu e minhas irmãs lembramos de episódios da nossa adolescência na década mais cafona do século 20, é diversão na certa. Esses dias recapitulamos a primeira viagem da Mirela a Nova Iorque, aos 17 anos.

Era final dos anos 80. Minha casa, uma verdadeira fauna. Quatro mulheres com personalidades – e estilos – completamente diferentes. A mãe, uma pelotense legítima, já acordava de salto agulha e echarpes esvoaçantes e usava chapéus chiquetésimos (que às vezes eu roubava para fazer um style). Até combinava a sombrinha com a capa de chuva!

Eu, a mais velha, recém formada em jornalismo, me achava a moderna com aquelas calças semi-bag centro-peito, blazers com ombreiras enoooormes, sapatos abotinados e cabelo leoa. Já minhas irmãs, Mirela e Daniela, eram as típicas adolescentes desencanadas, sempre de jeans (que a gente chamava de calça de brim), camisetões, polainas e Comander ou All Star.

Um belo dia de 1989, Mirela foi convidada de última hora para viajar com a sogra e cia para os Estados Unidos. Fariam uma visita surpresa ao filho mais velho – namorado dela – que estava há loooongas duas semanas na Big Apple (é sempre bom lembrar que naquela época não havia celular, skype, email, MSN, facebook, orkut, twitter, blá, blá, blá).

Faltavam apenas dois dias para o grande reencontro e era preciso conseguir lugar no mesmo vôo que a sogra, obter autorização para viajar sem os pais, tirar foto, fazer passaporte, obter visto (isso era possível em poucas horas, bons tempos aqueles!)... E ainda fazer vaquinha entre os tios para juntar alguns dólares extras!!!

A família toda se mobilizou. Enquanto meu pai passava a conversa no vice-consul dos Estados Unidos em Porto Alegre, coube à minha mãe a missão de arrumar a mala. Como seriam só 10 dias em pleno verão nova-iorquino, bastariam meia dúzia de blusinhas, um jeans, um par de tênis.

Depois de muita correria, ansiedade e algumas crises de choro, Mirela, o ursinho de pelúcia que o namorado havia esquecido no Brasil, a sogra e a cunhada embarcaram. Algumas escalas e muitas horas depois, a tchurma chegou em Nova Iorque.

Finalmente, hora de tomar aqueeeeele banho revigorante e se preparar para o encontro surpresa com o namorado. Ao abrir a mala, momentos de pavor e pânico. Onde foram parar os camisetões de cores cítricas, o tênis, a calça de brim? Será que trocaram as bagagens? Demorou para cair a ficha. A Heloisa Helena (minha mãe) tinha recheado a mala da minha irmã com camisas de seda e sapatinhos de Cinderela. Afinal, a filha não poderia desfilar por Manhattan com seus trapinhos!!

Passado o choque inicial, Mirela comprou algumas daquelas camisetas I love NY no camelô em frente ao hotel e - para completo desgosto da Heloisa Helena - passou a viagem inteira com a mesma roupa.

Ah, se fosse eu... aproveitaria a desculpa para me jogar nos outlets!!!! Com o cartão de crédito da minha mãe, claro. Hoje, teria preciosidades oitentinhas para resgatar do fundo do meu baú. Deus dá nozes a quem não tem dentes, já dizia minha avó... 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Curiosidade não mata, mas dá um trabalho...

Que atire a primeira pedra quem nunca quis saber o futuro! Seja por mera curiosidade, credulidade ou desespero, todo mundo gosta de uma adivinhação - pode ser tarô, búzios, I Ching, borra de café, mapa astral... Volta e meia caio numa dessas. Até prova em contrário, acredito em tudo: Papai Noel, coelhinho da Páscoa, duendes, gnomos – até em príncipe encantado!!!!

Minha última “vez” tinha sido traumática. Foi há um ano. Era uma vidente famoséeeeerrima, já tinha dado entrevistas para o Jô, Ana Maria Braga, Ratinho... Li no jornal que estaria em Brasília e paguei para ver (literalmente, e não foi barato, não!).

Depois de dois meses de espera, chegou o grande dia! Saí um pouco impressionada, admito. A mulher adivinhou que a cortina da minha casa estava emperrada!!!! E me mandou trocar. Troquei, claro. O tempo foi passando, nada mais se confirmou, esqueci o assunto e assimilei o prejuízo - aquela cortina estava o oóoo mesmo...

Há algumas semanas, estou eu malhando na academia da laje na companhia da minha amiga Flavitas quando, de repente, fico pasma diante da TV. Lá estava a tal vidente, sendo presa em horário nobre!!!!! Quase caí da esteira! Achei que era um sinal: estava na hora de fazer uma “nova consulta”.

Dona Marilda é batata, me garantiram. Acerta nomes, datas, uma loucura! Fui. Chegando lá, Dona Marilda de cara viu algo “cortando o meu caminho”. Energia ruim, disse ela. E aquilo apareceu de novo e de novo. Depois de uma hora e muitas cartas, Dona Marilda deu o veredito: “vai ter que fazer uma limpeza”. Coisa simples mas eficiente, afirmou ela. Um banho com umas ervas, acender umas velas, fazer uma oração.

Saí de lá suuuper cabreira. Liguei para meia dúzia de amigas para checar se Dona Marilda tinha dito o mesmo para mais alguém. Nunca! Só para mim! Chegamos à conclusão de que isso merecia uma reunião de cúpula. Todas lá em casa às 20h. Debatemos o assunto por um par de horas e decidimos que era melhor eu seguir as recomendações de Dona Marilda.

As velas eu tinha que comprar em alguma casa de artigos religiosos... Procurei na Internet uma do outro lado da cidade para não correr o risco de alguém me ver e, ainda por cima, eu passar recibo de macumbeira!!!! Depois peregrinei atrás das tais ervas... supermercado, feira, farmácia de manipulação... A essas alturas eu já estava 100% convencida de que algo de ruim podia me acontecer se eu não tomasse o tal banho o quanto antes!

Kit limpeza pronto, liguei para Dona Marilda e fiz tudo o que ela mandou. Trocar a cortina foi bem mais fácil... Mal não há de fazer, né?!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Vic Caroline

Falando de moda, alguém viu a coleção da Victoria Beckham na NY Fashion Week, semana passada? Sempre achei a Mrs. David Beckham uma caricatura de si mesma – uma versão inglesa do Michael Jackson! A cada dia mais magriça, mais plastificada, mais crazy... Decididamente, nunca botei fé na ex-spice girl como estilista. Mas tenho que morder a língua.

Os vestidos da coleção Primavera / Verão 2011 são liiiindos.  Nada de originalíssimo, mas uma colagem deliciosa de referências. Ultra-femininos, a minha cara. Quero muiitoooo!!!! Mas antes, vou ter que emagrecer uns 35 quilos e voltar ao peso pluma de quando tinha 12 anos, que dó.

Li por aí que a Victoria Caroline (sim, esse é o verdadeiro nome dela, bem feito!) vetou 12 modelos porque eram MAGRAS DEMAIS!!!! Queria apenas garotas com aparência saudável desfilando seus modelitos, para dar exemplo às adolescentes americanas. E eu que estava até me achando “saudável” depois de algumas semanas de alface, vento e malhação... se as victoretes são saudáveis, tenho que medir meu colesterol amanhã!!!!!   


Fashion Victim

Já que estamos nos conhecendo, é melhor eu contar logo: sou uma consumidora compulsiva de moda. Cada semana sem comprar um vestidinho, sapato ou bolsa é como um dia sem beber para a turma do AA – uma verdadeira vitória!  

Pois eu estava há quase três meses em abstinência, super orgulhosa de mim mesma, quando caí em tentação. A culpa é do Karl Lagerfeld, que ressuscitou aqueles tamancões cafonas holandeses com salto de madeira altíssimo e os Clogs (é assim que as "fashionistas" chamam o tal tamancão) não saíram mais das revistas (e da minha cabeça).

Comprei, sim, comprei, confesso. Dois! Um clog nude e outro pinhão, iguaizinhos!!!  O nude usei no mesmo dia, numa balada em Salvador, e me achei suuuuper moderna. Agora tentei repetir o modelito no Cerrado e não rolou meeeeesmo – e olha que Brasília liberta!!!! Calcei o tamancão e me senti uma verdadeira drag queen dutch, só faltaram as trancinhas... Por que será que quando a gente está de férias perde a noção, acha que pode tudo?  

Agora não sei o que fazer com as minhas tamancas. Ainda por cima, não cabem na minha sapateira...Quem manda ser fashion victim! Mas que elas são LINDAS, ah, são!

sábado, 18 de setembro de 2010

Experiência antropológica

Sabadão, solzão, kit laje pronto e a promessa de horas de relax na beira da piscina... Só promessa!

Do elevador já ouvi a barulheira. Temi que fosse uma festinha infantil... Não era. Antes fosse! Era uma edição caprichadíssima do famoso – mas, até então, desconhecido para mim - churrasco com pagode na laje. Com direito a máquinas de frozen qualquer coisa cor de fanta e senhoras superlativas (bem acima do peso) devorando fatias de melancia.

A criançada também estava lá, claro. Fazendo competição de bombinhas no tanquinho da laje!  Um parêntese necessário: AMOOO crianças mas nunca vou entender por que, quando junta mais de duas, só se comunicam gritando. Será alguma síndrome tipo surdez infantil coletiva????

Me senti num episódio da Grande Família. Botei meu Ipod no volume máximo e, ainda assim, ouvia o backing vocal do Alexandre Pires...Vontade de fazer como aquele cara do filme Imensidão Azul, ir para o fundo da piscina e ficar lá, quietinha, torcendo para esquecerem de mim.

Pensei em desistir umas 30 vezes. Não, umas 40. Fiz as contas: 114 dias sem chuva no Cerrado, 5% de umidade, 34 graus à sombra. Fiquei. Encarei como uma daquelas provas de resistência para conquistar a liderança do BBB!!!! Depois de 1h38min, joguei a toalha, literalmente. Saí com a cabeça zonza, a InStyle de setembro ensopada e cada centímetro do meu cabelo completamente defumado – sabor churrasco.

Depois de um booooom banho e algumas horas de recolhimento, aqui estou instalada no quarto da líder, jogada na minha king size, com um espumante quicando de gelado ao meu lado e um DVD com episódios do Sex And The City pronto para disparar. Depois, jantarzinho com as amigas. Porque eu mereço!