Encontros familiares têm dois desfechos possíveis: um bom barraco ou boas risadas. Quando eu e minhas irmãs lembramos de episódios da nossa adolescência na década mais cafona do século 20, é diversão na certa. Esses dias recapitulamos a primeira viagem da Mirela a Nova Iorque, aos 17 anos.
Era final dos anos 80. Minha casa, uma verdadeira fauna. Quatro mulheres com personalidades – e estilos – completamente diferentes. A mãe, uma pelotense legítima, já acordava de salto agulha e echarpes esvoaçantes e usava chapéus chiquetésimos (que às vezes eu roubava para fazer um style). Até combinava a sombrinha com a capa de chuva!
Eu, a mais velha, recém formada em jornalismo, me achava a moderna com aquelas calças semi-bag centro-peito, blazers com ombreiras enoooormes, sapatos abotinados e cabelo leoa. Já minhas irmãs, Mirela e Daniela, eram as típicas adolescentes desencanadas, sempre de jeans (que a gente chamava de calça de brim), camisetões, polainas e Comander ou All Star.
Um belo dia de 1989, Mirela foi convidada de última hora para viajar com a sogra e cia para os Estados Unidos. Fariam uma visita surpresa ao filho mais velho – namorado dela – que estava há loooongas duas semanas na Big Apple (é sempre bom lembrar que naquela época não havia celular, skype, email, MSN, facebook, orkut, twitter, blá, blá, blá).
Faltavam apenas dois dias para o grande reencontro e era preciso conseguir lugar no mesmo vôo que a sogra, obter autorização para viajar sem os pais, tirar foto, fazer passaporte, obter visto (isso era possível em poucas horas, bons tempos aqueles!)... E ainda fazer vaquinha entre os tios para juntar alguns dólares extras!!!
A família toda se mobilizou. Enquanto meu pai passava a conversa no vice-consul dos Estados Unidos em Porto Alegre, coube à minha mãe a missão de arrumar a mala. Como seriam só 10 dias em pleno verão nova-iorquino, bastariam meia dúzia de blusinhas, um jeans, um par de tênis.
Depois de muita correria, ansiedade e algumas crises de choro, Mirela, o ursinho de pelúcia que o namorado havia esquecido no Brasil, a sogra e a cunhada embarcaram. Algumas escalas e muitas horas depois, a tchurma chegou em Nova Iorque.
Finalmente, hora de tomar aqueeeeele banho revigorante e se preparar para o encontro surpresa com o namorado. Ao abrir a mala, momentos de pavor e pânico. Onde foram parar os camisetões de cores cítricas, o tênis, a calça de brim? Será que trocaram as bagagens? Demorou para cair a ficha. A Heloisa Helena (minha mãe) tinha recheado a mala da minha irmã com camisas de seda e sapatinhos de Cinderela. Afinal, a filha não poderia desfilar por Manhattan com seus trapinhos!!
Passado o choque inicial, Mirela comprou algumas daquelas camisetas I love NY no camelô em frente ao hotel e - para completo desgosto da Heloisa Helena - passou a viagem inteira com a mesma roupa.
Ah, se fosse eu... aproveitaria a desculpa para me jogar nos outlets!!!! Com o cartão de crédito da minha mãe, claro. Hoje, teria preciosidades oitentinhas para resgatar do fundo do meu baú. Deus dá nozes a quem não tem dentes, já dizia minha avó...
kkkk...posso imaginar a sena....
ResponderExcluiroutlets são tudo de bom....
bjo amigaa
hehehe a minha calça de brim também era semi-bag centro-peito heheh de chorar nos cantinhos !! Só naqueles tempos mesmo era possível falar com o vice consul na janelinha, e convencê-lo a dar suporte a um encontro amoroso a uma maltrapilha de 17 anos, que nem tinha passagem ainda e tinha que estar embarcando em duas horas!!kkkkkkk
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