segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O canto dos cigarros

As cigarras de Brasília estão enlouquecidas. Todo ano, nessa época, é a mesma coisa. O zumbido ensurdecedor anuncia a chegada da temporada de chuvas no Cerrado. 

Pelo menos, era isso que eu pensava... (admito que não sabia nada sobre cigarras, sempre pensei que fossem primas da libélula, magrelinhas e bonitinhas. E na verdade, são as irmãs vegetarianas da barata.)

Esses dias, me contaram a verdade sobre o apito  – que teimam em chamar de canto - das cigarras. A gritaria sinaliza que elas querem acasalar. Bizarro. Já pensou se a mulherada encalhada saísse berrando desse jeito por aí?

Fui pesquisar no tio Google essa história de “canto da cigarra” e descobri algo fenomenal. Quem grita, na verdade, são os machos – será que posso chamá-los de cigarros ???  A sinfonia dos cigarros, conhecida como o “chamado do acasalamento”, pode atingir 120 decibéis! Eles gritam de tesão! Depois dizem que as mulheres é que são histéricas....

Os cigarros ficam tão desesperados que já “armam a barraca” no começo da cantoria e ficam prontinhos, esperando a chegada das cigarras. Isso é que wild sex, o resto é bobagem.

Essa história me fez lembrar de uma cena antológica que presenciei na serra gaúcha, há alguns. Meu pai tinha reunido a família na pousada de uma vinícola para comemorar seus 60 anos em ritmo de kerb.

Entre uma garrafa e outra de vinho, escutamos uns gritinhos alucinados e corpos se debatendo na lareira (que estava apagada, pois fazia calor). Corremos para ver o que estava acontecendo e tinha um casal de passarinhos transando loucamente, da forma mais convencional possível: papai e mamãe.

Finito o ato de amor, um saiu de cima do outro e ficaram lado a lado, exaustos, por alguns segundos. Só faltou o cigarrinho. Em seguida, o passarinho e  a passarinha saíram voando pela chaminé (e foram felizes para sempre, hahahaha).

Juro que não foi um porre coletivo. Tomás, meu irmão, registrou tudo com fotos! O caso foi relatado pelo meu tio Zé para um amigo ornitólogo que cogitou que talvez tivéssemos presenciado um momento de evolução da espécie. Será?

6 comentários:

  1. Mylena,
    Imbatível seu senso de humor. Os cigarros atravessaram minha infância, adolescência e pós-adolescência (alguns chamam maturidade).Talvez por isso o fato de quererem apenas uma transa selvagem não me incomode rsss
    Ótima semana para você.

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  2. Pois eu conheci esses monstrinhos e seus gritos histéricos só aqui no cerrado! Pode-se esperar de tudo nessa terra, tem até mini-dinossauros (os calangos) hehehe

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  3. My, cadê as fotos?! Sou daqueles: acredito vendo... ; )

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  4. My, seu post me fez lembrar a história do João de Barro. Lembro que, todas as manhãs, entrávamos ao vivo no jornal "Fala Brasil". Naquele dia, a pauta estava fraca e apelamos para o Parque da Cidade. Mandei o repórter para lá. Devíamos mostrar a movimentação do brasiliense que, mesmo em dias de seca, aproveita o parque para fazer uma ginastiquinha. Só que acabamos flagrando um João de Barro construindo sua "casinha". A imagem virou hit e passamos a acompanhar a construção da tal casinha, passo a passo.O João de Barro contava com a ajuda da gloriosa Joana de Barro. Para minha surpresa, no entanto, quando a casinha ficou pronta, o FDP do João de Barro deu uma surra na Joana e a jogou para fora. Pra quem acha que passarinho é sempre bonitinho,vou avisar que o mundo desses bichinhos é bem bizarro.

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  5. kkkkkk que tosco esse João de Barro! Vai ver a Joana de Barro andou ajudando a construir outras casinhas pela Brasilia, kkkkkk

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  6. Reza a lenda que as cigarras cantam até morrer, mas isso não é verdade. Elas (ou melhor, eles) cantam até estourarem e trocarem de esqueleto, marcando a passagem para a vida adulta.

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