terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vergonha alheia

A temporada de chuvas no cerrado tem me mantido afastada da laje, mas fui obrigada a dar uma passadinha aqui para comentar o que vi ontem/ ouvi ontem. Aliás, eu e todo o Brasil! O episódio foi o assunto do dia no twitter hoje e mereceu o número um do Top Five do CQC (Rafinha Bastos disse que ia sonhar com a cena por meses, coitado)

Vamos lá. Estava eu tomando um sorvete na La Basque (de pistache, porque encanei que menta com chocolate tem gosto de pasta de dente) com minha irmã Dadá e nossas primas queridas Ana, Bia e Sassá. Enquanto colocávamos as fofocas familiares em dia, a TV da sorveteria passava o torturante Domingão do Faustão. 

De repente, eis que aparece a Susana Vieira com uma cabeleira platinada e um microvestido cavadíssimo, de paetês. A cena, por si só, era deprimente. Pois ela estava lá lançando um CD.

A mulher pediu o teleprompter porque não sabia a letra de cor e começou a cantar em italiano, mais desafinada do que eu no chuveiro! Juro, não é exagero, pior do que os calouros do Cassino do Chacrinha (nessa eu me puxei... e revelei minha idade)

Eu, que já estava com vergonha pelo modelito juvenil da coroa sem noção, comecei a ficar mais e mais constrangida pela eterna Nice e torcer para aquilo terminar logo. Tem coisa pior que vergonha alheia?

Encerrada a tortura, a doidivanas pediu desculpas por ter desafinado üm pouquinho" e se jogou no colo do filho de quase 50 anos e do namoradinho de 24 anos. Nesse momento, um dos bojos saltou para fora do vestidinho de paetês e ela nem percebeu... continuou conversando com o chatonildo do Faustão, com a peitola à mostra. O quadro da decadência, fiquei até deprimida.

Saímos de lá em silêncio, ainda chocadas. Fui logo avisando: se eu virar uma velha ridícula, me avisem ou me internem. Só não deixem que eu seja motivo de vergonha alheia, por favor!!!!

Para quem não viu e ouviu:
http://www.youtube.com/watch?v=ivBNhzRLfGI
http://www.youtube.com/watch?v=m_6gtyXVQeo

domingo, 28 de novembro de 2010

Fast Fashion

Em setembro, quando a H&M anunciou que lançaria uma coleção assinada por Lanvin, fiquei eufórica – eu e 50% das mulheres do planeta!

A parceria foi celebrada com uma mega festa no Pierre Hotel, em Nova Iorque. Entre os convidados, nada menos do que Anna Sui, Sofia Coppola, Andie MacDowell, Emma Roberts, Leelee Sobieski, Tory Burch e Alexander Wang.

As peças chegariam às lojas americanas e canadenses no dia 20 de novembro e três dias depois, no resto do mundo. Eu precisava ter pelo menos um Lanvin para fazer companhia no meu armário vestido criado pela Kate Moss para a Top Shop! Só tinha um pequeno probleminha: não tem H&M no Brasil.

Sem planos de viajar para Europa ou Estados Unidos, pensei em encomendar umas pecinhas “básicas” para a minha irmã Mirela, que mora em Barcelona. Não custaria nada dar uma passadinha numa das tantas H&Ms da cidade...

Entrei no site da loja para ver as peças, saber detalhes e tal. Fiquei fascinada... e chocada com as “regras” para a compra da esperadíssima coleção!

As 320 primeiras pessoas da fila receberiam pulserinhas de 16 cores, que dariam acesso a diferentes áreas da seção com as peças Lanvin. Apenas 20 pessoas em cada área, com míseros 10 minutos para as compras!!!! E ninguém poderia adquirir mais de uma peça/ tamanho de cada modelo. 

Só depois de terminada a gincana, os outros clientes teriam acesso às araras “vips” (que, certamente, estariam completamente vazias). Sem chance. Pensei em, quem sabe, comprar online. Doce ilusão. Tudo esgotado em poucas horas. Fiquei frustradíssima, confesso. Mas não desanimei.

Como quem não tem cão caça com gato, despenquei para o shopping em busca das coleções assinadas por famosos estilistas brasileiros para grandes redes. Valeu muuuuuito a pena.

Voltei para casa com duas camisas super descoladas do Oskar Metsavhat (leia-se Osklen) para a Riachuelo, R$ 69,90 cada, um shortinho também da Maria Bonita Extra para a C&A ta,mbém de R$ 69,90, e um biquini do Amir Slama (Rosa Chá) para a C&A, de R$ 59,90. 


Essa onda de parcerias entre nomes famosos da moda e redes de Fast Fashion é tudo de bom! Que venham as próximas coleções!!!!

domingo, 21 de novembro de 2010

Pequena Miss Sunshine

Sou uma telespectadora compulsiva - e confessa - de realities. Do óbvio BBB até programas de moda, beleza, culinária, tatoo... Project Runway, Esquadrão da Moda, American Next Top Model Extreme Makeover Home Edition, Miami Ink... ADORO!

Essas novelinhas da vida real me fascinam pois expõem o ser humano e suas idiossincrasias. Só que nem sempre isso é divertido... Agora à noite, estava zapeando e assisti um pedacinho de um reality bizarro e chocante: Pequenas Misses.

Na verdade, o que é bizarro e chocante é o comportamento da sociedade americana. Mães completamente malucas transformam menininhas partir de dois aninhos de idade em mini drag queens! Mega penteados, apliques, maquiagem pesadíssima (eu não uso aqueles makes nem em festa de casamento), cílios postiços e até depilação e bronzeamento artificial... Vale tudo para ser a mais bela. Sem falar no gestual de adulto cafona, devidamente ensaiado à exaustão.






As expectativa dessas mães malucas – que também participam em outras categorias, às vezes com o mesmo cabelo e modelito da filha – faz com que aquelas garotinhas, que deveriam estar brincando com as amiguinhas e aprendendo a socializar, comecem a ver todas as mulheres como concorrentes/ inimigas em potencial.

As maluquinhas juniores ficam abaladíssimas (provavelmente, para a vida toda) quando não ganham a maior coroa (sim, não basta ganhar uma faixa ou uma coroinha, para satisfazer às mamães malucas é preciso ser Supreme).

Ok, ok, também tá cheio de brasileiras malucas querendo que suas filhas sejam a nova Gisele Bündchen. Acho igualmente bizarro. Mas é diferente porque o posto de modelo número um do planeta significa fama, flashes, capas de revistas, um namorado famoso, um papel na novela das seis e, principalmente, $$$$$$$$$.

Não é o caso das Pequenas Misses. Aquilo é a síntese de uma sociedade competitiva e predadora. Disgusting. Preciso de um antídoto já. Vou assistir Pequena Miss Sunshine. Boa semana!

Pequena Miss Sunshine

Sempre preferi os transgressores!

domingo, 7 de novembro de 2010

Cake Pops

Domingão cinza e chuvoso combina com bolo na frente na TV!

Para os mais habilidosos e criativos, apresento aqui uma novidade fofa e deliciosa: os cake pops! 



Depois da febre dos cupcakes (aqueles bolinhos super enfeitados com cara de antigamente), chegou a vez dos bolinhos no palito invadirem as confeitarias americanas e européias e, por que não, nossas tardes de domingo? 

Vi essas fofuras pela primeira vez há alguns dias. O Kris, maridão meio gringo meio brazuca da minha super amiga Claudinha (e cozinheiro de primeiríssima), leu sobre os cake pops num jornal sueco e nos enviou umas fotinhos. Amei! 

A receita eu procurei no tio Google. O princípio básico é o seguinte: asse um bolo comum de sua preferência, deixe esfriar, esfarele a massa e misture com algum creme para dar liga (pode ser cream cheese, doce de leite, nutella, brigadeiro, creme de leite...).

Depois, é só fazer bolinhas, botar para gelar, fincar um palito em cada bolinha e dar um banho de chocolate derretido. Os confeitos dependem da criatividade de cada um!

Se alguém se aventurar, me conte se deu certo, please!

Como meus dotes culinários são limitados, vou lá fazer uns bolinhos de chuva mesmo, para devorar assistindo episódios de Sex And The City. ADORO!!!! Boa semana!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Metamorfoses

Tem dias que a gente acorda, se olha no espelho e invoca que precisa dar uma “mudada”. O motivo, só as outras mulheres entendem. Pode ser TPM, inferno astral, ressaca pós-fim de namoro... não importa.  E de nada adianta a melhor amiga avisar para a gente pensar melhor antes de radicalizar.

Essa história acaba, quase sempre, no cabeleireiro. E em arrependimento! Sim, porque nesses surtos de impulsividade cometemos as maiores atrocidades. Eu, por exemplo, já fiz permanente váaaaarias vezes – a primeira, com 13 anos! (nunca entendi como minha mãe deixou... e pagou). Já repiquei toda a juba a la Farrah Fawcett, cortei chanel, franjão... 

Algumas dessas metamorfoses foram traumáticas. Mas nada comparável ao que aconteceu com a minha amiga Simone. Típica alemoa do interior do Rio Grande do Sul, Simone tinha um cabelo liiiiiindo – farto, loiro cinza, compriiiido. Até que, um belo dia, Simone acordou com aquela maldita vontade de mudar.

Na verdade, ela nem queria mudar taaanto assim. Queria apenas dar um brilho dourado ao cabelão. Comprou henna dourada numa dessas lojinhas de produtos indianos e mandou o cabeleireiro tacar fogo. Literalmente. Com a tal henna, o cabelão da Simone ficou vermelho! Ruivo não, vermelho. Ou, como ela mesma definiu, cenoura!

Depois de alguns dias de desespero e reclusão, Simone decidiu consultar a colorista de um salão mega ultra super de Porto Alegre. A resposta: poderia esperar a henna sair com o tempo ou tingir o cabelo de outra cor, o que a profissional não recomendava pois a cabeleira, já ressecada da henna, ia virar uma palha.

Como não podia sumir, Simone decidiu assumir! E assumiu também outra personalidade, mais apropriada à nova cor de cabelo. Virou dark, pelo simples motivo que NADA, além do preto, combinava com aquele cabelo cor de cenoura! (isso foi nos anos 80, se fosse hoje, ela virava Emo...).

A tinturista tinha razão. O tom cenoura foi ficando menos intenso com as lavagens, o cabelão foi voltando ao normal e a personalidade da minha amiga, também. Hoje, Simone é uma comportada mãe de família, mora nos Estados Unidos e, naqueles dias de histeria, pensa mil vezes antes de correr para o salão mais próximo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Back to 80`s

Já começou a mobilização na Brasília. Mês que vem tem mais uma edição da festa De Volta aos Anos 80 e o povo já está em polvorosa. Não, eu não vou. Não meeeeeesmo, nem adianta insistir.

Caí nessa armadilha há alguns anos, logo que mudei para o Cerrado. Nunca mais! É patético ver pencas de playboys e patricinhas - de variadas idades - dançando freneticamente Superfantástico da Turma do Balão Mágico e cantando com a Cyndi Lauper Girls Just Wanna Have Fun.

Não entendo a obsessão dos brasilienses pelos anos 80. Tudo bem que tenham orgulho de Legião, Capital, Plebe Rude, Paralamas... mas ninguém merece ouvir Eduardo e Mônica no rádio todo santo dia 30 anos depois!  

A ditadura dos anos 80 já invadiu até os pubs do Cerrado. O repertório não muda: Duran Duran, Dire Straits, Lulu Santos, Kid Abelha... afffff

Dia desses fui numa festa de aniversário num lugar bacanérrimo – e carérrimo. Não revelo nomes nem sob tortura! Só conto, a título de contexto, que o aniversariante estava completando mais de 40 anos. Cardápio impecável, espumante na temperatura perfeita, doces maravilhosos.

Vovó do rebolation
Tudo comme il faut... Até a Gretchen surgir do além, embalada a vácuo em um macacão de lycra amarelo, cantando e dançando Conga Conga Conga. Na sequencia, Piripiripiri.

Num primeiro momento achei que era alucinação - quem sabe o espumante era falsificado! Depois, pensei que se tratava de uma cover da vovó do rebolation. Na terceira música, me convenci de que era a Gretchen em pessoa - até tirei umas fotos com o celular para ninguém duvidar da minha sanidade! 

O flashback não parou por aí, não!  Quando terminou o show da Gretchen (ou, como diz a wikipedia, a pioneira da Bunda Music), entrou o Sylvinho Blau Blau com o mesmo blazer branco de sempre, a mesma coreografia, as mesmas músicas (ele também continua vesgo).

Ai, meu ursinho blau blau de brinquedo...
Eu já estava ficando com medo quando apareceu uma terceira assombração: o Luciano do Trem da Alegria!!!  Helloooo, será que não surgiu nada melhor nos últimas três décadas?

Que me desculpem os órfãos daqueles anos cafonas, mas o novo é fundamental! Pronto, falei.

PS: minha amiga Ju Neiva faz aniversário amanhã e acaba de avisar que vai comemorar hoje, numa boate com som anos 80 e show de quem, de quem? Ela de novo, a Gretchen! Ju, te desejo muito amor, saúde, paz, sucesso. Tudo de bom meeesmo, porque tu merece! Mas a festinha eu não vou encarar...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O canto dos cigarros

As cigarras de Brasília estão enlouquecidas. Todo ano, nessa época, é a mesma coisa. O zumbido ensurdecedor anuncia a chegada da temporada de chuvas no Cerrado. 

Pelo menos, era isso que eu pensava... (admito que não sabia nada sobre cigarras, sempre pensei que fossem primas da libélula, magrelinhas e bonitinhas. E na verdade, são as irmãs vegetarianas da barata.)

Esses dias, me contaram a verdade sobre o apito  – que teimam em chamar de canto - das cigarras. A gritaria sinaliza que elas querem acasalar. Bizarro. Já pensou se a mulherada encalhada saísse berrando desse jeito por aí?

Fui pesquisar no tio Google essa história de “canto da cigarra” e descobri algo fenomenal. Quem grita, na verdade, são os machos – será que posso chamá-los de cigarros ???  A sinfonia dos cigarros, conhecida como o “chamado do acasalamento”, pode atingir 120 decibéis! Eles gritam de tesão! Depois dizem que as mulheres é que são histéricas....

Os cigarros ficam tão desesperados que já “armam a barraca” no começo da cantoria e ficam prontinhos, esperando a chegada das cigarras. Isso é que wild sex, o resto é bobagem.

Essa história me fez lembrar de uma cena antológica que presenciei na serra gaúcha, há alguns. Meu pai tinha reunido a família na pousada de uma vinícola para comemorar seus 60 anos em ritmo de kerb.

Entre uma garrafa e outra de vinho, escutamos uns gritinhos alucinados e corpos se debatendo na lareira (que estava apagada, pois fazia calor). Corremos para ver o que estava acontecendo e tinha um casal de passarinhos transando loucamente, da forma mais convencional possível: papai e mamãe.

Finito o ato de amor, um saiu de cima do outro e ficaram lado a lado, exaustos, por alguns segundos. Só faltou o cigarrinho. Em seguida, o passarinho e  a passarinha saíram voando pela chaminé (e foram felizes para sempre, hahahaha).

Juro que não foi um porre coletivo. Tomás, meu irmão, registrou tudo com fotos! O caso foi relatado pelo meu tio Zé para um amigo ornitólogo que cogitou que talvez tivéssemos presenciado um momento de evolução da espécie. Será?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Porque hoje é sexta-feira


 "Um cigarro encurta a vida em 2 minutos. Uma garrafa de álcool encurta a vida em 4 minutos. Um dia de trabalho encurta a vida em 8 horas." 
Heleninha Roitman

Toca um mambo aí bem calieeeeente:
http://www.youtube.com/watch?v=Rvea_WamvTI

Para quem ficou com saudades, a melhor novela de todos os tempos - Vale Tudo - está sendo reprisada pelo canal Viva. O horário é cruel, mas vale muuuuuuito a pena ver de novo: das 0h45 às 1h45.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Golpe da bolinha

Essa campanha prá Presidente tá mesmo uma baixaria, tô contando os minutos para o segundo turno!  Enquanto isso, alguns episódios merecem registro.

Quem não ficou chocado com o "ataque" ao Serra no RJ? Foi parar no hospital e suspendeu a agenda de campanha por 24 horas por orientação médica.

À noite, o SBT mostrou o que realmente aconteceu. Prá quem não viu:
http://www.youtube.com/watch?v=wsrPo1fjWkw

O golpe da bolinha de papel bombou hoje no twitter, no FB e nos portais - aposto que vai parar no top 5 do CQC!

Uma coletânea das melhores pérolas sobre o assunto foi postada pelo jornalista Ricardo Mignone no FB. Não resisti à tentação de reproduzir aqui na laje. Para rir um pouquinho:

"O exame de “bolística” determinou que o projétil saiu de um chumaço de Maxprint, calibre A4."

"PT pretende ataques surpresa tipo cavalo de tróia com origami, e aéreo com aviõezinhos."

"Fabrica da Tilibra esta sendo neste momento investigada pela PF, por suposto componente que aumenta peso do papel..."

"Uma resma de papel virou arma de destruição em massa."

"ONU proíbe Irã de fabricar bolinhas de papel. Ahmadinejad diz que Irã usará as bolinhas de papel apenas para fins pacíficos."

"Marina declara voto em Dilma após Serra não recolher bolinha de papel para reciclar."

"Essa violência do RJ tem que parar... Crianças de 3 anos de idade já andam municiados pelas ruas com bolinhas de papel...Estão ameaçando comerciantes...O mundo está perdido!"

"Quando a criançada descobrir que bolinha de papel dá 24h de repouso as escolas ficarão vazias."

"Últimas notícias: PSDB manda cancelar chuva de papel picado preparada para a próxima passeata."

"Pessoa com sobrenome árabe é detido em aeroporto de Nova Iorque, suspeito de carregar em sua mala 30 kg de bolinha de papel. Investigações chegaram a conclusão que foram feitas a partir de papéis de carta usados. O caso ficou conhecido como o incidente da bolinha de papel de carta bomba."

"Ainda bem que foi uma bolinha de papel, se fosse uma bolha de sabão Serra diria que o PT estaria usando armas químicas."

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Que país é este?

As energias andam carregadas no planalto central. Clima tenso por conta das eleições. Políticos apelando para todos os santos e tambores.

Achei que não seria demais tomar um passe. Como já disse aqui, acredito em tudo – desde que seja para o bem!

Depois de dar uma passada na igreja da minha quadra e acender uma velinha para Santo Expedito, fui a um centro espírita aqui perto. Saí de lá com a alma leve... e a cabeça fervilhando...

Para quem nunca foi a um centro espírita, é bom explicar. Antes do passe (equivalente à benção para os católicos), há sempre uma palestra (equivalente ao sermão). Cheguei no meio da palestra.

Tudo ia muito bem até o senhorzinho que palestrava se aventurar no assunto do momento - a legalização do aborto - e partir para a doutrinação política. Começou de leve, falando que “tem uma candidata aí” que defende o aborto. Foi elevando o tom e chegou ao ápice: “Eles assinaram um acordo internacional se comprometendo com a legalização do aborto. Está no programa do partido, não é a Dilma, é o PT”, disse indignado.

Chocada, relatei o episódio a uma amiga jornalista. Ela, então, me contou que sua cozinheira, evangélica, estava apavorada pois tinha escutado de um  pastor que as Igrejas seriam obrigadas a fazer casamento gay se Dilma ganhasse as eleições.

Fiquei me perguntando de onde surgem essas fantasias? E como acabam pautando o debate nacional?

Aos 16 anos, gritei que queria votar para presidente no movimento pelas Diretas Já. Na minha ingenuidade adolescente, chorei a morte de Tancredo Neves. Alguns anos depois, vesti preto pelo impeachment do Collor. E me orgulhei, sim, quando um líder sindical conquistou a Presidência do nosso país. Depois de 25 anos de democracia, vamos discutir moral e religião? Confundir Estado e Igreja?

Não quero e não vou usar a laje para discutir política. O que me diverte é observar e comentar o comportamento das pessoas ao meu redor e queria poder fazer graça do que tenho visto e escutado por aí. Mas dessa vez não é divertido. É lamentável. Lamentável perceber o poder do boca a boca e a ignorância do povo brasileiro. Lamentável assistir ao retrocesso no debate político do país. Lamentável ter que votar para presidente.

sábado, 16 de outubro de 2010

Marketing da tragédia

Estava aqui matutando... quantos óculos a Oakley já vendeu depois do resgate dos 33 mineiros soterrados no Chile?  Como os trabalhadores ficaram 69 dias na completa escuridão, a Oakley doou 35 óculos do modelo Radar, capazes de filtrar qualquer tipo de luz, para que os coitados não tivessem problemas de sensibilidade quando voltassem à superfície.

Detalhe: um dos exemplares extras foi usado pelo ministro chileno de Mineração, Laurence Golborne  - já apontado como potencial candidato à presidência do Chile -, em "solidariedade" aos mineiros.  

O ato de generosidade da Oakley foi devidamente alardeado na página da marca na Internet.  E o já cobiçado Ozinho achatado ficou em close no mundo todo durante as 24 horas da engenhosa operação de salvamento.

Foi, realmente, uma baita jogada de marketing.


No dia seguinte ao resgate, ainda de óculos, os 33 mineiros
posam para fotos com o presidente Sebastián Piñera


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Auto-estima é tudo

Já reparou que toda criatura que se acha agrada horrooooores? Presta atenção. Na balada, aquela gordinha dançando no meio da pista super de bem com a vida arruma vários fãs e sempre se dá bem! O feioso com atitude passa o rôdo!

Vó Ceção: aos 98 anos, malha todo dia
Auto-estima é tudo. Que o diga minha vó Ceção. Aos 98 anos, não abre mão do esmalte rosa chiclete e do lápis de sobrancelha preto. Não dispensa um creminho da Lâncome e faz pedalete todo dia para manter a forma. De aniversário, pediu lingeries!

Vô Chico era caidinho pela Vó Ceção. Fazia tudo o que ela pedia/ queria/ sonhava/ mandava e enchia ela de ouro, Inxalá! Só não deixava a vó dirigir porque uma vez a coitada bateu com o carro na pilastra da garagem.  
Quando meu avô faleceu, vó Ceção tinha 70 anos. E, com sua baaaita auto-estima, logo tirou carteira de motorista e passou a circular pela cidade com um possante Corcel II azul calcinha (na verdade, era turquesa, mas batizamos de azul calcinha). Bastaram alguns meses para a vó encanar com o dito cujo. Cidade pequena, carro chamativo... “Todo mundo sabe onde estou”, repetia. Juro que achei que era paranóia, delírio de quem tem... muuuuita auto-estima!  
Vó Ceção não sossegou enquanto não trocou de carro. Comprou o lançamento do ano, um Monza Classic equipadíssimo (que está com ela até hoje!), e despachou o Corcel azul calcinha. Prá mim! Presente de grego. Eu não dirigia - e, decididamente, não me sentia nada estimulada a aprender. Mas meu namorado na época, o Ricky, não tinha carro e preferia andar de Corcel azul calcinha do que de ônibus...  

Sempre que saíamos com o nada discreto  automóvel, era um “sucesso”.  Manobristas,  garagistas e até flanelinhas piravam, queriam comprar de qualquer jeito. O corcelão virou lenda em Porto Alegre e acabei admitindo que a birra da vó não se devia apenas à sua elevada auto-estima.  
Depois de alguns anos, consegui me livrar do possante e, com a grana, fui mochilar na Europa. Só aprendi a dirigir na volta. Isso, porque ganhei um Gol do meu pai!  Se eu tivesse herdado metade da auto-estima da Conceição Pinheiro seria tudo tão mais fácil...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pequim 2008 - Final: Foi lindo

24 de agosto de 2008
Foram 100 anos de espera, sete anos de exaustivos preparativos, 17 dias de celebração. Tudo para dizer ao mundo: "Não tenham medo de nós, não somos um gigante primitivo, culpado por todos os males. Somos desenvolvidos, civilizados, modernos e podemos ser tão cosmopolitas quanto qualquer capital do planeta."

Para isso, a China atraiu grandes arquitetos do mundo todo, permitiu que milhares de camponeses, antes proibidos de migrar, emprestassem sua força de trabalho aos canteiros de obras nas grandes cidades, espalhou gruas por todos os lados. Substituiu carros velhos por novos, modernizou o sistema de transporte coletivo urbano. Mobilizou a população. Aulas de inglês, de torcida, de ocidentalização.


Ok. Antes da festa começar mandaram os camponeses de volta para casa, esconderam as obras com belos painéis multicoloridos, camuflaram cortiços, fecharam casas de massagem, encheram as ruas de policiais. Mas, afinal, quem não faria o mesmo? Qual grande cidade – até mesmo de primeiro mundo - não tem esses mesmos problemas?  

Disneylândia, dizem alguns. Aí vai uma dose de má vontade. Tudo o que vimos aqui é de verdade. Pequim é uma cidade cosmopolita, como poucas no mundo. Tudo bem, Pequim não é a China, mas é uma amostra do que esse país pode fazer, se quiser. 
Digam o que quiserem. Foi lindo. Pelo menos para aqueles que estiveram em Pequim, é impossível não ir embora com a certeza de que o gigante, realmente, caminha a passos largos. Mas a mensagem para o resto do planeta pode ter saído pela culatra. O mundo viu de perto que tem razões, sim, para ter medo da China. Melhor não duvidar das previsões de que, em 2040, o país roubará dos Estados Unidos o posto de maior economia mundial e será o centro do mundo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pequim 2008 - Parte IV: Brasil x China

20 de agosto de 2008
Pensa que os chineses ficaram tristes por seu time ter sido derrotado, de lavada, pela seleção brasileira de vôlei masculino? Nem um pouco. Quando acabou o jogo no Ginásio Capital de Pequim, há pouco, começou outra diversão ainda mais animada: tirar fotos da torcida adversária!

Em todo o ginásio, não havia mais de 100 brasileiros. Onde eu estava, eram uns 15. Mas faziam tanta bagunça que encantavam os chineses. Até eu tive que posar para fotos com alguns que estavam ali por perto... E que felicidade a deles.


A alegria foi ainda maior no jogo seguinte, Estados Unidos x Sérvia. Os brasileiros já haviam debandado, mas os chineses continuavam lá, se divertindo com a animação dos gringos. E os sérvios vieram com tudo. Enrolados em suas bandeiras, invadiram os melhores lugares e lá ficaram, sem a menor cerimônia. Os donos, chineses, chegaram e foram expulsos aos gritos de que estavam atrapalhando a torcida sérvia.

Pensei: vai ter briga (se fosse no Brasil, provavelmente isso aconteceria). Aqui, que nada. Sem saber como reagir a tanta empolgação, os chineses deram risada, timidamente, tiraram novas fotos – agora com a torcida sérvia - e se retiraram para o corredor. Ainda levaram bronca dos seguranças porque estavam de pé, causando tumulto!

Como tudo na China, a população foi treinada para assistir aos Jogos Olímpicos – com direito a cartilha e ensaios. Sim, os chineses foram ensinados a torcer! Não podem ficar de pé, não buzinam, não cantam… apenas sacodem bandeirinhas educadamente e gritam, de forma coordenada e eventual: ”ZhongGuo JiaYou” – China, vamos lá. As torcidas estrangeiras já aprenderam e, nos longos intervalos, se apossam do grito de guerra. Brasil, JiaYou.  A próxima será na sexta-feira, contra a Itália.

domingo, 10 de outubro de 2010

Pequim 2008 - Parte III: Dia de compras

12 de agosto de 2008
Ir às compras em um supermercado na China é uma experiência difícil de descrever. Curiosa? Mais que isso. Divertida? Com certeza. Bizarra? Em alguns momentos, sim. E olha que estou falando de uma grande rede francesa que tem lojas por todos os cantos do Brasil. Nem sei por onde começar!

Logo de cara, caí em um corredor que vendia molho de soja (shoyo).  Em garrafão! Muitas e muitas marcas, com os mais variados sabores: cogumelo, frutos do mar, feijão amarelo… 3,99 remembis - apenas R$ 1,00 - o garrafão de 1,75 litros!!!! Vamos em frente.

Na seção de azeites de cozinha, novos sabores inusitados: mais feijão amarelo, trigo, o nosso conhecido girassol… mas o mais popular mesmo, equivalente ao nosso óleo de soja, é o óleo de amendoim! Novamente em garrafões – dessa vez, de cinco litros.

Caminho um pouquinho mais e me deparo com um corredor inteirinho de marcas de arroz. Tem de tudo, inclusive aromatizado, com perfume de jasmim! Até a granel! As pessoas se atracam numas pás enormes e enchem sacos e mais sacos pela bagatela de 1,40 remembis o quilo (R$ 0,35).

Feijão tem vermelho, verde, amarelo… Preto? Nem parecido! E o macarrão? Tem tantas marcas…. Tem até tipos especiais para bebês! Baby noodles com cálcio, sabor espinafre, com ovo. A embalagem vem sempre com uma fotinho de criança, parece até produto para limpar bumbum de bebê!

Chego à seção de carnes. A peixaria mais parece um aquário! Tá tudo vivo, tudinho! Peixes de todos os tamanhos e cores, caranguejos, camarões variados! Se for peixe, matam e limpam ali mesmo. O resto, enfiam num saquinho para o cliente fazer o trabalho sujo em casa. Eca! E eu que adorava camarão… Precisarei de uns meses para superar o trauma.

O choque não é menor quando vejo um coração de porco, do tamanho do nosso, exposto lá numa bandejinha como se fosse um inocente coraçãozinho de galinha (juro que aquele negócio parecia que tava palpitando!). Saí correndo.

Falando em galinha, a seção de ovos também é curiosíssima. Vendem por unidade, embalados como se fossem bombons. Tem até ovo de pato – já cozido! Pela foto, a gema é …PRETA. Dizem que é para comer com sopa. Vamos para as frutas. Formas e cores que nunca vi e nem saberia descrever. Mas o pêssego… ah, o pêssego! Do tamanho de um abacate!

Sigo então para as porcarias. Vejo pacotes de batatas chips que parecem iguais às nossas. De longe. De perto, os sabores: pepino, limão, blueberry, lichia.. Até mesmo das marcas Pringles e Lays.

Por fim, dou uma geral na seção de perfumaria. Marcas internacionais: Revlon, L`Oreal, Olay, Neutrogena. Já vou indo certa de que, pelo menos ali, não teria surpresas, quando passo pela gôndola de tinturas para cabelo. Só preto e tons de castanho escuro e avermelhado! Descobri que os chineses, decididamente, não gostam das loiras. Podia ter ido embora sem essa!

sábado, 9 de outubro de 2010

Pequim 2008 - Parte II: Uma estranha no Ninho

15 de agosto de 2008
Finalmente chegou o grande dia. Conheci o Ninho de Pássaro. E como qualquer turista, graças àquele ingresso que caiu do céu, no dia oito do mês oito de 2008.

O estádio é fantástico. Lembrei do meu encantamento diante do Guggenheim de Frank Gehry, em Bilbao. De cada ângulo uma nova sensação… e muiiiiiiitas fotos. Espetacular.


O ingresso que eu ganhei era para uma cadeira que ficava colada nos atletas e naquela parafernalha toda que envolve cada prova e que jamais vemos pela televisão! Fila 6,  a poucos metros da largada das baterias classificatórias dos 100 metros rasos masculino (tudo bem, fiquei queimando o côco no sol a pino, nem tudo é perfeito. Mas foi o máximo, mesmo assim).

Cheguei com uma hora de atraso, depois de encarar quase duas horas de metrô (finalmente peguei a linha exclusiva) e caminhadas. Música a milhão e narradores empolgando o público, bem ao estilo americano (confesso que detesto isso, mas embarquei totalmente no espírito).

A mídia que cobre os jogos tem publicado matérias falando que os estádios estão vazios, os ingressos todos nas mãos de convidados de patrocinadores, e tal. Mas o Ninho, eu juro, estava LOTADO. LOTADAÇO. Conto nos dedos os estrangeiros. Desculpa o trocadilho mas me senti, literalmente, uma estranha no Ninho. E daí? Alguém precisa falar com o vizinho para se divertir?


De repente começou o ritual. Mocinhas enfileiradas entram na pista carregando caixas plásticas. Na frente, uma delas traz a placa indicando qual a prova que começará em minutos. Em movimentos coordenados, as mocinhas depositam as caixas no chão atrás no lugar de largada de cada atleta. Só então entram eles. Colocam mochilas e agasalhos nas caixas que são imediatamente recolhidas pelas mesmas mocinhas, fazendo sempre os mesmos movimentos - praticamente um balé!

Hora do aquecimento. Abaixa, levanta, sacode, espicha. E o narrador lá, a milhão. Posição de largada, atenção… um queimou. Volta tudo. Atenção de novo, tiro, disparada. O coração também dispara.
  
 

Emocionante ver o Ninho lotado de chineses gritando ZhongGuo JiaYou, ZhongGuo JiaYou - “Viva a China” (esse grito de guerra eu aprendi no dia da abertura dos Jogos, do lado de fora do Ninho…). Quem corre é Hu Kai, ídolo dos chineses. O estádio, agora mudo, acompanha cada passada em silêncio. Termina e todos olham para o gigantesco placar esperando a classificação. Parece que demora uma eternidade. Não deu. Hu Kai ficou em 4, com 10.39 segundos. As mocinhas, a essas alturas, já estavam entrando de novo na pista.

E assim o ritual se repete até chegar a vez do amazonense Sandro Viana. Olho ao redor em busca de cúmplices de camiseta amarela. Nenhum. Nem um brasileiro sequer ao alcance dos meus olhos. Tudo bem, essa eu terei que segurar sozinha. Juro que meu coração foi na boca, com os olhos no placar. E olha que nem valia medalha! (Por que será que a gente fica tão bobo e patriota quando está fora de casa?). Também não deu para o Sandro. Fez o sexto tempo, 10.60 segundos.

Mais tarde, em entrevista ao Sport TV, o atleta brasileiro confessou: “Agora estou mais tranqüilo, foi bom estrear no Ninho de Pássaro”. Tá explicado. Ele estava tão ansioso quanto eu para conhecer aquele lugar. É mágico mesmo, eu garanto.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Do outro lado do planeta

Revirando meus arquivos virtuais em busca de uma foto das manicures na China (para o post Peluquerías com final feliz), encontrei textos da minha primeira incursão como blogueira. Foi  há dois anos, direto de Pequim. Com seis colegas de trabalho, passei um mês lá cobrindo “o mundo paralelo” aos Jogos Olímpicos.

Toda a equipe foi instalada em um confortável apartamento no China World Trade Center. Durante 30 dias, vivemos um verdadeiro Big Brother China, com direito a panelinhas, vilões, mocinhos, barracos... Briguei até com a minha tradutora, uma chinesinha de 19 anos chamada Lulu que já tinha morado em Porto Alegre e namorava um gaúcho gremista. Peraí,  foi ela que brigou comigo! Mas isso é uma outra história...

Olha eu na Muralha aí, gente
A verdade é que a pressão era grande, trabalhávamos feito camelos - só consegui conhecer a Muralha da China no penúltimo dia!. Além da cobertura em tempo real, quase 24 horas por dia (o povo em Brasília esquecia das 11 horas de fuso e ligava para a gente o tempo todo), inventaram o tal do blog, com curiosidades do nosso dia a dia. Quando soube da novidade, confesso que me deu uma preguiiiiça...
                                                                                           
Acabei gostando da brincadeira. Escrever para o tal blog virou meu momento de lazer nos 30 dias de confinamento (ok, ok, eu me divertia comprando lembrancinhas de vez em quando, mas isso também é uma ooooutra história).

Prá encurtar esse blá blá blá, resolvi tirar aqueles textos (e muitas fotos) do baú e publicar aqui algumas das minhas aventuras do outro lado do planeta. Começo relatando o que me aconteceu no dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, dia oito do mês oito de 2008. Espero que seja divertido para vocês como foi para mim!

Cidade Proibida - trabalhando muiiito 

Pequim 2008 - Parte I: Os chineses têm toda razão

08 de agosto de 2008
Pela tradição chinesa, o oito é o número da sorte e da felicidade. Por isso, os Jogos Olímpicos começarão exatamente às oito horas e oito minutos da noite do dia oito do mês oito de 2008. Só tenho uma coisa a declarar: os chineses estão certíssimos e, a partir de hoje, o oito é meu número de sorte. Morram de inveja.

Estava eu  no saguão de um hotel de Pequim, às oito e pouco da manhã deste oito do oito de 2008, esperando, com os outros jornalistas, a saída da van que nos levaria à Embaixada do Brasil para acompanharmos a agenda do presidente Lula. Do nada, uma senhorinha super despachada abordou os cinegrafistas, em português, perguntando se éramos brasileiros.

Eu, curiosa e inxirida de nascença, me aproximei para ver quem era e comecei a puxar papo. A senhorinha - chamada Oddete - queria saber se tínhamos convite para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, hoje à noite. Essa é a oitava Olimpíada (olha o oito aí de novo) dela e do marido, Valentino, e  pela primeira vez não conseguiram ingresso para a abertura.

Os dois vieram de São Caetano,  no Estado de São Paulo, compraram entradas para futebol, vôlei, atletismo e estão dispostos a pagar até US$ 1,5 mil  por ingresso para a grande festa de abertura. Mas os cambistas estão pedindo US$ 10 mil!

Humildemente, expliquei que estou aqui para fazer matérias sobre a China, não estou cobrindo os jogos,  sequer tenho direito a pegar a linha de metrô que leva ao Estádio Olímpico. E já saí me lamentando: como não vendem mais entradas, eu não poderia assistir nada e sequer iria conhecer o Estádio Nacional, conhecido como Ninho de Pássaro. Ela, então, perguntou se eu queria um ingresso! Achei que era brincadeira, mas respondi "claro que sim". Pois ela tirou um da bolsa e me deu!!!!!!!

Dia 15, às 9h da manhã, lá estarei eu aboletada no Ninho, setor L, corredor 11, fila 7, cadeira 16, para assistir – como turista – provas eliminatórias de atletismo! Prometo que conto tudo, tiro fotos e tudo o mais que qualquer turista tem direito! Decididamente, oito é um número de sorte.

Para os comuns mortais, a festa de abertura dos Jogos Olímpicos foi do lado de fora do Estádio Nacional, conhecido como Ninho de Pássaro